quinta-feira, 4 de outubro de 2007


Liberdade…

“Vejo uma multidão incontável de homens iguais que giram sobre si mesmos à procura de pequenos e vulgares prazeres com os quais enchem suas lesas almas.
Cada um deles, visto separadamente, é como que estranho ao destino de todos. (...) Não existe, a não ser em si e para si próprio !
(...) Acima deles eleva-se um "poder imenso e tutelar" , que se encarrega de assegurar as suas necessidades e de velar pela sua sorte. É absoluto, detalhado, regular, preciso, previsível e dócil. Pareceria (se não fosse mentira) um poder paterno que tivesse como objetivo prepará-los para a idade adulta;
mas, pelo contrário, procura apenas fixá-los perpetuamente na infância;
quer que os cidadãos desfrutem, na condição de pensarem só em desfrutar, nada mais !
Trabalha de bom grado para o seu bem-estar, mas quer ser o único agente e o único árbitro. Providencia sua segurança (?) , assegura as suas necessidades (?) , facilita os seus prazeres(?), conduz os seus principais negócios, dirige a sua indústria, regula as suas sucessões, divide as suas heranças. Porque então não haveria de tirar-lhes por completo o transtorno de pensar e o esforço de viver?!
(...) E assim , a cada dia se converte em inútil o emprego do livre arbítrio; encerra a ação da vontade num espaço menor e, reduz cada um ao uso de si mesmo.
(...) Depois de ter tomado, pouco a pouco, cada indivíduo, nas suas poderosas mãos, e de o ter moldado à sua maneira, o soberano abre os braços sobre a sociedade inteira; cobre a sua superfície com uma rede de pequenas regras complicadas (ah! ... as leis), minuciosas e uniformes, através das quais os talentos mais originais e as almas mais vigorosas não poderão encontrar a luz que as destaque da multidão de inúteis;
Não destrói as vontades , mas amolece-as, submete-as e dirige-as;
Raras vezes obriga a agir, mas opõe-se, sem cessar, a quem atue;
Não destrói, mas impede que nasça;
Não tiraniza, mas estorva (!), comprime , enerva , apaga.
Reduz, enfim , cada nação , a não mais do que um rebanho de animais tímidos e laboriosos, da qual o Governo (ou Desgoverno) é pastor.”

Alexis de Tocqueville (1805-1859)


P.S. “Estou convencido de que, em qualquer época, eu amaria a liberdade; mas, na época em que vivemos, sinto-me realmente , tentado a idolatrá-la. E quanto mais conheço a
democracia , mais a odeio;”

Prussiano


2 comentários:

cmombach disse...

Nossa, que forte isso. Mas muito verdadeiro! Concordo plenamente.

cmombach disse...

Nossa, que forte isso. Mas muito verdadeiro! Concordo plenamente.